Vazia como o deserto

Às vezes eu passo tempo demais pensando sobre o tédio, algumas horas deitadas olhando para o nada pensando no quanto o tédio pode ser destruidor, primeiro você não acha nada para fazer, depois você começa a pensar demais, com os pensamentos vem a angústia e logo você está se sentindo vazia, apática.

É como se não sentir nada significasse sentir algo, algo ruim e ao mesmo tempo oco. Será que vocês conseguem me entender? Será que algum dia já se sentiram assim? Acho que sim, é provável que os dias ruins não sejam exclusivos meus.

É fácil eu começar a achar que a vida não tem graça, que não existe nada prazeroso para fazer, é nítido também que é minha cabeça me sabotando, mas parece não ter como fazer algo sobre isso, já que tudo parece tão cinza.

E aí vem os momentos… aqueles que não quero ninguém por perto, mesmo eu me sentindo sozinha. Aqueles que parece que ninguém vai conseguir me alcançar ou me deixar confortável para eu me abrir, como se o mundo todo fosse incapaz de me entender. Nem eu me entendo.

E nossa, como a vida parece chata nesses dias, vem o esquecimento de tudo que é bom. Às vezes tudo parece tão silencioso que consigo ouvir o sangue correndo nas minhas veias, mas não é aquele silêncio bom, confortável, é o silêncio que dá vontade de sair gritando para ter uma sensação de adrenalina.

Vocês já sentiram como se os corpos de vocês estivessem desligados? É tipo assistir aquele filme de deserto que não acaba nunca e a única coisa que tem para ver é areia, acho que é assim que eu me sinto.  Com calor, no deserto, com sede e odiando areia, mas eu só estou na minha cama tentando me lembrar como é estar bem, como é quando as coisas valem a pena, como é sentir.

  • Lorena Biá

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